Tratado do Desespero e da Beatitude
"Nosso tempo seria o tempo do desespero. A morte de Deus, o perecimento das Igrejas, o fim das ideologias... Mas vejo nisso muito mais uma obra do cansaço. Por estarem decepcionados, crêem-se desesperados... Mas, se estivessem de fato desesperados, não estariam decepcionados. Nosso tempo não é o do desespero, mas o do desapontamento. Vivemos o tempo da decepção." André Comte-Sponville
Estou tentando ler esse livro há mais de 10 anos... Essa citação é do préambulo do livro imagine o conteúdo do mesmo. Mas não pretendo levar mais 10 anos para terminá-lo.
Outro filósofo que gosto muito é Nietzsche. Parece sempre estar tomado por uma grande angústia e desespero, seu humor ácido me lembro alguém bem próximo e gosto. Vejamos o que ele tem a dizer sobre a felicidade:
(...) Não há vida verdadeira senão sonhada. A filosofia é a verdade desse sonho, e o sonho dessa verdade. Ela não impede de ser infeliz, pelo menos no caso dos aprendizes que somos. Não dispensa de sofrer. Mas pode nos ensinar a felicidade. Porque esta nunca é dada. A felicidade não se deve ao acaso nem é um presente do destino. Não é, por exemplo, a ausência de infelicidade, sua simples negação. A infelicidade é um fato; a felicidade não. A infelicidade é um estado, a felicidade não. No limite: a felicidade não existe. É necessário, portanto, inventá-la.
A felicidade não é uma coisa; é um pensamento. Não é um fato; é uma invenção. Não é um estado; é uma ação. Digamos a palavra: a felicidade é criação. Mas essa criação não cria nada fora dela mesma. É uma práxis, diria Aristóteles, e não uma poese. Viver é criar sem obra. A filosofia é a teoria dessa prática, que seria a própria felicidade, se pudéssemos ter êxito. Em todo caso, podemos tentar, pois o próprio Spinoza, "o mais íntegro de todos os sábios", convida-nos a fazê-lo e nos acompanha nesse intento: "Embora o caminho que mostrei levar até lá pareça extremamente árduo, pelo menos podemos tomá-lo. Por certo, deve ser árduo o que é tão raramente encontrado. Como seria possível, se a salvação estivesse à mão e se pudéssemos percorrê-lo sem grande dificuldade, que fosse desprezado por quase todos? Mas tudo o que é belo é difícil, tanto quanto raro."
Gostei do novo visual!
ResponderExcluirO desespero é moeda corrente. Ir adiante com ele é uma opção, apenas isso. Não vale a pena desacreditar...
O Nietzsche era o meu vizinho... Ás vezes chegava triste em casa, às vezes trancava-se no quarto e, outras tantas vezes não conseguia sorrir no final da piada. Era apenas diferente, nada além disso.
Beijos